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Olha eu aqui de volta [2]

Éeeeeeeeeee...

Quase 2 meses sem postar... mas tudo bem... tava ocupadinha.. so marcando presença de vez enquando no blog dos outros, sem muita vontade de postar...

mas aqui estamos nós de volta... depois escrevo um pouquinho mais como anda minha "vidinha" :D

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Então...

Hoje recebi um e-mail muito legal... embora saiba que o blog quase não recebe visita, resolvi postar por um único motivo: lembrou minah infãncia e adolecência...
Sim... só quem é daqui do MA (talvez alguns outros lugares do nordeste) vai entender esse texto POR COMPLETO... mas mesmo assim eu vou postar.. :P

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PARA MARANHENSE LER: UM DIA NA VIDA DE REGINETE

Reginete, a empregada da casa do Vieira, chega da Rua Grande toda querendo ser, de
traca amarela, uma japonesa bandeirosa com pontuação 2 números acima da sua, rebolando e exibindo sua calça nova, daquelas
bem apertadas e lá no
rendengue, que comprou pra sair à noite. Logo gerou um bafafá dos invejosos da rua.

- Olha a
barata do Vieira. Quer se aparecer! Tá escritinha uma fulêra!
- E tu parece uma
nigrinha dando conta da vida dos outros – retruca à mulher Seu Barriga.

Porém, despertou também o interesse da molecada da rua. A galera do
chucho parou para secar a moça. Até quem tava no desafiado. Guga largou de empinar seu papagaio aos gritos de 'lá vaiii lá vaiii...', sempre na guina para lancear melhor e com uma bimbarra reforçada , como proteção ao freio, e linha puída pelos amigos que sabotavam pisando nela, para admirar:

-
Éguass Reginete! Tá bonita como quê!
-
Hmmmm piqueno. O que é heim? Só porque to com minha calça nova? Comprei na Lobrás tá?!

Victor, o mais novo da turma, desinformado, questiona:

- O que é Lobrás?
- É uma loja,
abestado. Ao pegado da Mesbla. Defronte as Pernambucanas. Onde a gente vai sempre capar bombom – corta Guga.

Caverna, sempre
casqueiro, largou sua curica, feita de talo de coqueiro e folha de caderno, e veio, catingando que só ele, arrumar cascaria com Guga.

- O quê que tu quer?! A nêga é minha.
- Hmmmm tu quer te
amostrar pros teus pariceiro? Te dôle um bogue!!!
-
Me dáli??? Rapá, tu não me trisca!!!

E a galera querendo
ver o oco vem zilada jogar lenha na fogueira.

-
Éééésseeeeee!!! Tá falando da tua mãe!!! Chamou de qualhira!
-
Éééguasss... eu não deixava!!! Cospe aqui – diz Dudu estendendo a mão.

Mas Guga não entra na conversa dos amigos:

- Vocês só querem ver a
caveira dos outros!
-
Ihhh gelão... cagou ralo heim Guga!!! Tá aberando!!!

Até que chega Lombo, o mais velho da turma, que jogava
peteca naquele momento. Ele tinha o costume de quebrar as petecas alheias na brincadeira do cai, dando um china-pau com seu cocão de aço, principalmente se fosse uma olho de gato. Utilizava, também, o recurso do olhinho, mas dificilmente só bilava. Pediu limpo, completou matança nas borrocas e depois foi pro casa ou bola. Às vezes porco ou leitão vistando. Ele intervem:

-Ê Caverna, tu já tá
coisando os outros aí né?! Vaii já levar um sambacu!
-
Hen heim. Vamo já te dar um malha – confirma Guga, aliviado com a intervenção de Lombo.
-
Hen heim – ironiza Caverna imitando Guga com voz afeminada.
- Não me
arremeda não!!! Olha o raspa!!!
- Ahhh... vai te lascar!!!

Depois do
furdunço por sua causa, Reginete sai toda empolgada de lá e decide dar logo uma parada na quitanda da Zefinha, lembrando que seu Vieira havia pedido que ela comprasse alguns ingredientes para garantir o fim de semana, já que Dona Veridiana ainda não havia feito a Lusitana do mês.

- Oi Dona Zefa. Quero camarão seco pra botar na
juçara da dona Veridiana e fazer arroz de cuxá? Me arrume 3 Jeneves também, 2 quilos de macaxeira, um lidileite alimba, 2 pães massa fina e 4 massa grossa! Ahh... e uma canihouse pro seu Vieira!

A senhora vai checar seu estoque no freezer e retorna:

-
Ê essa outra... só tem Guaraná Jesus. Vais querer? Vais querer quantas mãozadas de camarão?
- Três mãozadas tá bom. E pode ser Jesus sim.

Ao chegar em casa com as compras, seu Vieira repreende a moça:

- Tu fica
remancheando pra trazer o cumê. To urrando de fome aqui já! Cuida piquena!! Vou só banhar e quando voltar quero ver tudo pronto.
- Ô seu Vieira... o senhor é muito
desinsufrido! Já to arreliada com uma confusão dos meninos na rua. Não me aguneia! Confie ni mim que faço tudo vuada! O senhor sabe que...
- Já seiii... tá bom... aí
fala mais que a nêga do leite. Eu heim?! – seu Vieira interrompe.

Neste momento chega Marquinho, filho do seu Vieira, com a equipagem da
Bolívia Querida toda suja. Sinal de mais trabalho pra Reginete.

- Menino, olha essa tua roupa. Tava num
chiqueiro era? Vai ficar encardidinha! Isso não sai não! E esses brinquedos?! Tudo esbandalhado! Aí não tem jeito! Olha... tá só o cieiro (ou ceroto, como queiram)!
- Tava jogando travinha com os moleques! Não enche e me dá logo esse refri aí que to com sede.
- Hum Hum. Isso é do seu Vieira!
-
Marrapá! Por quê?! Deixa de canhenguice, piquena!
- Deixa eu cuidar comigo que ainda quero sair hoje pra
radiola no clubão! Vai rolar só pedra!

Passada a
janta, Reginete já exausta lava a louça e reflete sobre seu evento da noite: 'Já estou é aziada e as meninas não ligam. Amanhã começa mais um dia de trabalho e se sair hoje ainda fico lisa pro fim de semana!'. A moça muda de idéia segue sua rotina. Todos os preparativos para a noite foram em vão? Nãããã!
O importante foi chamar a atenção e não se achar mais uma no meio da multidão!


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